terça-feira, 26 de julho de 2011

PASSEI O DIA OUVINDO O QUE O MAR DIZIA

Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.

Chorámos, rimos, cantámos.

Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.

O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!

Deserto de aguas sem fim.

Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...

Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.

«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!
Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»
. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!

António Botto, in 'Canções'

segunda-feira, 18 de julho de 2011

PROJECTO

Sentar-me ao teu lado
Quase sem falar
(como tu gostas).
Olharmos ambos na mesma direcção
Não interessa qual
Sem ficarmos colados ao chão.
Deixarmos voar o pensamento
Sem limites
E ao sabor do vento.
Se além de tudo isso pudéssemos ainda dominar o tempo
Teríamos inventado a fórmula perfeita
De gozarmos plenamente
A nossa vida a cada momento


SS

domingo, 17 de julho de 2011

DE LONGE O MAR, O AZUL, A MÚSICA E A TERRA

Chegou-me da Grécia
Um pouco de mar
Um pouco de azul
E um pouco de Mouskouri.
Tanta beleza armazenada num só ficheiro!
Anda a humanidade louca pagando pelo belo
Quando o podemos ter mesmo sem dinheiro .